A eleição de Donald Trump e seu discurso protecionista reascendem preocupações para o comércio global, especialmente para países com laços comerciais significativos com os EUA, como o Brasil. Prometendo implementar tarifas de 10% a 20% sobre as importações e até 60% em produtos chineses, Trump ameaça desestabilizar acordos comerciais estabelecidos. Para o Brasil, que exporta principalmente commodities agrícolas e siderúrgicas para os EUA, o impacto pode ser duplo: ao mesmo tempo em que precisa diversificar seus parceiros, o país pode se beneficiar da demanda norte-americana caso as tensões comerciais com a China se intensifiquem.

A primeira fase do governo Trump foi marcada pela política “America First”, aumentando tarifas sobre o aço e produtos agrícolas de outros países. Dessa forma, o setor brasileiro de commodities, que inclui etanol, suco de laranja, e café, poderá encontrar um mercado ampliado, especialmente se Trump mantiver a postura dura com a China, levando à necessidade dos EUA de suprimentos alternativos. No entanto, o efeito do dólar mais forte poderá pressionar a inflação no Brasil e elevar os juros, o que desvaloriza o real e torna as exportações brasileiras menos competitivas.

Com o cenário instável, especialistas recomendam que o Brasil adote uma postura pragmática e diplomática, evitando conflitos diretos e aproveitando as brechas que possam surgir no mercado agrícola e industrial. Além disso, a pressão para internacionalizar operações brasileiras, como criar filiais nos EUA, pode ser uma alternativa para reduzir custos tarifários e aumentar a competitividade.

Por fim, a situação traz desafios, mas também oportunidades para o Brasil reposicionar sua pauta de exportação e fortalecer laços com mercados alternativos, como o Oriente Médio e a própria China. Ajustes na política monetária brasileira e uma postura firme em negociações comerciais serão cruciais para manter a estabilidade econômica frente ao impacto das políticas protecionistas dos EUA.

Fonte: Correio Braziliense

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